E se o próximo ataque não for um hack, mas sim desinformação?

Top Tips é uma coluna onde destacamos as tendências no mundo da tecnologia e compartilhamos maneiras de se manter à frente. Esta semana, exploramos como a segurança da desinformação está emergindo como uma estratégia de defesa crucial — protegendo não apenas os sistemas, mas também a confiança, a reputação e tudo o que seu público acredita ser verdade.
Digamos que sua empresa acabou de lançar um novo produto.
Já se passaram dois dias. As avaliações são positivas. As vendas estão estáveis.
Então... acontece.
Um link de notícia aparece nas redes sociais, alegando que seu produto tem uma falha perigosa. É compartilhado com um clipe de voz do seu CEO "admitindo". O artigo parece legítimo. A voz soa real. O pânico se espalha. Ligações inundam. Sua equipe se apressa.
Só que nada disso é verdade.
Nem a citação.
Nem o artigo.
Nem mesmo o site.
Isso é desinformação. Esse tipo de ataque cibernético não precisa de malware ou de uma falha de segurança; só precisa que as pessoas acreditem no que veem.
O que é segurança de desinformação?
A segurança da desinformação se concentra em detectar, prevenir e interromper a disseminação de conteúdo falso ou enganoso, como deepfakes, notícias falsas, golpes gerados por IA e documentos falsificados. Esses ataques não visam invadir sua rede. Eles visam invadir a mente do seu público.
Desinformação vs. ciberataque
Ao contrário dos ataques cibernéticos tradicionais que visam servidores, softwares e bancos de dados, os ataques de desinformação visam algo muito mais pessoal: o que as pessoas acreditam.
Ataques cibernéticos têm como alvo sua infraestrutura digital
A desinformação tem como alvo a percepção humana.
Onde a segurança da desinformação realmente se concentra?
A desinformação pode assumir diversas formas, mas o combate a ela se resume a três grandes áreas de proteção. A Gartner destaca estas como as principais áreas em que organizações inteligentes estão investindo atualmente:
1. Detecção de Deepfake
Vídeos ou clipes de voz falsos podem parecer reais e causar pânico. A segurança contra desinformação utiliza ferramentas de IA para identificá-los e impedi-los antes que causem danos.
2. Proteção contra personificação
Os invasores podem se passar por alguém de sua confiança, por meio de e-mails ou comportamento falso. Sistemas avançados verificam como os usuários agem, não apenas seus logins, para detectar falsificações.
3. Proteção da reputação
Informações falsas podem arruinar a imagem da sua marca rapidamente. Essas ferramentas rastreiam onde elas começam e como se espalham, para que você possa impedi-las o quanto antes.
De acordo com a Gartner, mais de 50% das empresas usarão essas ferramentas até 2028, ante apenas 5% em 2024.
Tipos de desinformação
Deepfakes – Vídeos ou áudios falsos gerados por IA que parecem e soam reais, mas não são.
Falsificações – Documentos, e-mails ou postagens em redes sociais falsos feitos para parecer oficiais.
Phishing – E-mails ou sites falsos que induzem os usuários a fornecer informações pessoais.
Vishing – Chamadas telefônicas fraudulentas que fingem ser de fontes confiáveis para coletar dados confidenciais.
Smishing – Mensagens de texto fraudulentas com links falsos ou solicitações urgentes para roubar informações.
Cheapfakes – Vídeos ou áudios reais que são editados ou tirados do contexto para enganar.
Sites proxy – Sites falsos que copiam a aparência dos reais, geralmente com pequenas alterações de URL.
O que as organizações podem fazer para preveni-los?
1. Sempre verifique o conteúdo antes de agir.
Se receber um e-mail chocante, um documento "vazado" ou uma mensagem que pareça urgente, pare. Não tenha pressa em encaminhá-la ou tomar decisões. Verifique a fonte primeiro.
Até mesmo uma mensagem falsa que parece real pode causar muita confusão.
2. Use ferramentas que detectam conteúdo falso.
Hoje em dia, existem ferramentas inteligentes que usam IA e blockchain para verificar se um vídeo, imagem ou documento é real ou editado. Essas ferramentas podem identificar se algo foi alterado ou criado para enganar as pessoas.
Isso é especialmente útil para detectar deepfakes ou documentos falsificados precocemente.
3. Fique de olho onde as histórias falsas começam.
Muita desinformação começa em lugares como sites duvidosos, redes sociais ou até mesmo na dark web. Ao usar ferramentas de monitoramento, as organizações podem identificar conteúdo nocivo antes que ele se espalhe demais.
A detecção precoce significa que você tem tempo para responder antes que o dano seja causado.
4. Reforce as verificações de identidade.
Muitas informações falsas se espalham por meio de e-mails ou mensagens falsas que fingem ser de pessoas reais. Adicione etapas extras, como autenticação de dois fatores, para garantir que apenas usuários confiáveis possam enviar ou compartilhar informações importantes.
Se alguém tentar agir como seu CEO ou RH, o sistema deve detectar.
Dica profissional: crie um plano de resposta à desinformação
Deve definir claramente:
Quem verifica se o conteúdo é real ou falso
Quem responde e como (interna e publicamente)
Como e quando escalar o problema
Um bom plano ajuda sua equipe a agir rápido, manter a calma e proteger sua marca quando histórias falsas começam a se espalhar.
Antes de você ir,
Em um mundo onde falsidades podem se espalhar mais rápido que fatos, a desinformação não é mais apenas uma questão de relações públicas — é uma ameaça real à segurança cibernética. De deepfakes a sites falsos, os invasores de hoje não estão mirando apenas seus sistemas; eles estão mirando a própria confiança. A boa notícia? Com as ferramentas certas, conscientização e um plano de resposta sólido, as organizações podem se manter à frente. A desinformação pode ser inteligente, mas a preparação é ainda mais inteligente. Na era da falsidade digital, proteger a verdade é a defesa mais forte que você tem.
Artigo original: What if the next attack isn’t a hack—but disinformation